quarta-feira, 30 de junho de 2010

Milagres dos Peixes ll - Montreal-1990

Milton Nascimento ao vivo em Montreal-1990 - Jazz Festival -
Participação modesta de Wayne Shoter no sax.

Milagre dos Peixes l

Eu vejo esses peixes e vou de coração
Eu vejo essas matas e vou de coração à natureza

Telas falam colorido de crianças coloridas
De um gênio televisor
E no andor de nossos novos santos
O sinal de velhos tempos
Morte, morte, morte ao amor

Eles não falam do mar e dos peixes
Nem deixam ver a moça, pura canção
Nem ver nascer a flor, nem ver nascer o sol
E eu apenas sou um a mais, um a mais
A falar dessa dor, a nossa dor
Desenhando nessas pedras
Tenho em mim todas as cores
Quando falo coisas reais
E no silêncio dessa natureza
Eu que amo meus amigos
Livre, quero poder dizer
Eu vejo esses peixes e dou de coração

domingo, 27 de junho de 2010

Sem Esperanças (07/06/10 - Folha) L. F. Pondé



RESPONDO ASSIM, de bate-pronto, a um aluno: “Não, não tenho nenhum ideal”. Silêncio. Talvez um pouco de mal-estar. Todos ali esperavam uma resposta diferente porque todo mundo legal tem um ideal.

Eu não tenho. É assim? Confesso, não sou legal, nem quero ser. Duvido de quem é legal e que tem um ideal. Esperança? Tampouco. E suspeito de quem queira me dar uma.

De novo respondo assim, de bate-pronto, a outro aluno: “Não, não quero mudar o mundo, nem mudar o homem, muito menos a mulher, a mulher, então, está perfeita como é, se mudar, atrapalha, gosto dela assim, carente, instável, infernal, de batom vermelho e de saia justa”.

Mentira, esta última parte eu acrescentei agora, mas devia ter dito isso também. Outro silêncio. Talvez, de novo, um pouco de mal-estar. Espero que falhem todas as tentativas de mudar o homem.

Não saio para jantar com gente que quer mudar o mundo e que tem ideais. Prefiro as que perdem a hora no dia que decidiram salvar o mundo ou as que trocam seus ideais por um carro novo. Ou as que choram todo dia à noite na cama.

Tenho amigos que padecem desse vício de ter ideais e quererem salvar o mundo, mas você sabe como são essas coisas, amigo é amigo, e a gente deve aceitar como ele (ou ela) é, ou não é amizade.

Perguntam-me, estupefatos: “Mas você é professor, filósofo, escritor, intelectual, colunista da Folha, como pode não ter ideal algum ou não querer mudar o mundo?”.

Penso um minuto e respondo: “Acordo de manhã e fico feliz porque sou isso tudo, gosto do que faço, espero poder fazer o que faço até o dia da minha morte”.

Perguntam-me, de novo, mais estupefatos: “Mas você está envolvido no debate público! Pra quê, se você não quer mudar o mundo?”.

Sou obrigado a pensar de novo, outro minuto (afinal, são perguntas difíceis), e respondo: “Participo do debate público pra atrapalhar a vida de quem quer mudar o mundo ou de quem tem ideais”.

Os intelectuais e os professores pegaram uma mania de ser pregadores, e isso é uma lástima. Inclusive porque são pessoas que leem pouco e que são muito vaidosas, e da vaidade nunca sai coisa que preste (com exceção da mulher, para quem a vaidade é como uma segunda pele, que lhe cai bem).

O que você faria se algum professor pregasse o evangelho ao seu filho na faculdade? Provavelmente você lançaria mão de argumentos do tipo que os intelectuais lançam contra o ensino religioso: “O Estado é laico e blá-blá-blá… porque a liberdade de pensamento blá-blá-blá…”. Se for para proibir Jesus, por que não proibir qualquer pregação?

Pergunto-me por que não proíbem professores de pregar o marxismo em sala de aula e toda aquela bobagem de luta de classes e sociedade sem lógica do capital? Isso não passa de uma crendice, assim como velhas senhoras creem em olho gordo.

Nas faculdades (e me refiro a grandes faculdades, não a bibocas que existem aos montes por aí), torturam-se alunos todos os dias com pregações vazias como essas, que apenas atrapalham a formação deles, fazendo-os crer que, de fato, “haverá outro mundo quando o McDonald”s fechar e o mundo inteiro ficar igual a Cuba”.

Esses “pastores da fé socialista” aproveitam a invenção dessa bobagem de que jovem tem que mudar o mundo para pregarem suas taras. Normalmente, a vontade de mudar o mundo no jovem é causada apenas pela raiva que ele tem de ter que arrumar o quarto.

E suspeito que, assim como fanáticos religiosos leem só um livro, esses pregadores também só leem um livro e o deles começa assim: “No princípio era Marx, e Marx se fez carne e habitou entre nós…”.

Reconhece-se uma pregação evangélica quando se ouve frases como: “Aleluia, irmão!”. Reconhece-se uma pregação marxista quando se ouve frases como: “É necessário destruir o mundo do capital e criar uma sociedade mais justa onde o verdadeiro homem surgirá”.”

Pergunto, confesso, com sono: “E quem vai criar essa sociedade mais justa?”. Provavelmente o pregador em questão pensa que ele próprio e os seus amigos devem criar essa nova sociedade.

Mentirosos, deveriam ser tratados como pastores que vendem Jesus e aceitam cartão Visa.

Jamie Cullum - 'Twenty Something'

Love ain't the answer, nor is work
The truth elludes me so much it hurts
But I'm still having fun and I guess that's the key


sábado, 26 de junho de 2010

Prosas 1 "Ladeirinha no Cachuca do Mundo"




- Me lembro de descer uma ladeirinha, havia algumas cachoeiras por lá, em meio a torres de circuito elétrico.
- é outro lugar, não fica no mesmo lugar onde moro, mas todo mundo daqui conhece todo mundo de lá e vice e versa.
Noossa quanto tempo!(risos).
Em 93 eu tinha 2 anos e você 17.
você ia nos churrasquinhos que tinham por la?
; é que normalmente iam vários funcionários.

- Fui em alguns (risos)

- entao devemos ter nos trombado
(risos)

- É ... fui em dois desses eventos carnais!!!! (risos)
digo: "churrasco".

- Sim.

- possivelmente , enquanto eu dilacerava um pedaço de carne com nervos ... você passava correndo com uma de suas coleguinhas, se estapiando. E quem sabe vocês até subiram num daqueles tratores sem uso que ficam sempre a mercê das crinças criativas!

- Ótima observaçao

- E se assim foi ... talves você tenha visto que, aquele pedaço de carne (mais nervo do que carne) não pode ser degirido por completo por mim, que depois de horas a fio , tirei-o da boca ,e, todo desconfiado, olhando para os lados para ver se alguém estivesse olhando, coloquei num papel de guardanapo e arremecei ao relento do chão batido!

_ Sempre foi assim! Exato!!!

- E quem sabe ele (pedaço de nervo) ainda tenha sido pisotiado por você e suas amiguinhas, antes de que um daqueles cachorros, com nome tipo: laika, bummer, átila, jacaré, ou tótó ....
jacaré não
porque só meu pai fez isso com um dos cachorros dele. Isso na idade primária dele!!!
; Enfim, algum magro cão comeu o pedaço de nervo em que você supostamente teria pisado ...
e assim foi minha passagem pelos lugares em que você se criou.
Churrascos, namoro , familia esquisita, (algumas caças pela redondeza) .... (risos)

- Deve ter sido uma bela passagem. Obrigado por me lembrar do meu passado de uma forma boa!

- Fico feliz de ter passado por perto do seu "passado" e mesmo eu sem ter um "passado" aliado por memórias ao seu lado, sei que passei e passo desapercebido por esse que chamo de destino que outrora caricato, comprava e vendia trílhas de vida, esse não, esse é largo e multiformial. Já não possui as arestas sisudas da arbitrariedade de um mundo fechado. O chão esta aberto, lívre para um novo caminho. Novo Mundo.
(André Alcântara & Lana 26/06/10)

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