Tudo ainda fermenta.
Tudo ainda meia cura.
Tudo ainda germina.
Agora os tombos que eu levo doem mais, as quedas que eu sofro leva mais tempo pra levantar.
E o que vai sair dessa fermentação eu ainda não sei, vidas novas podem surgir, porquê aonde há concentração de atividades há movimento, átomo colidindo com átomo a toda força um dia fez parte do processo do dedo do criador.
Organismos vivos fermentado, a vivacidade e dinâmica de todo o universo de coisas ao nosso redor é sempre vívida e tem movimento próprio.
Adoro vinho, conforta e ilude. Abraça e anestesia.
Esses microrganismos que moram no álcool as vezes vem me perguntam, porque você não se mostrou mais aberta? Pra que tantas unhas e garras?
Mas não é hora de mais culpa, é hora de fermentar, desfragmentar, desfermentar, deixar os organismos vivos criar vida através das suas atividades fermentativas.
Eu também sempre gostei dos cogumelos esses castelos de fungos, erguidos após largos dias de chuva e dias cinzentos e de larga umidade, tem vida curta porém demasiada serventia, alguns dizem que é a carne dos Deuses, algumas dessas iguarias te alimentam e são usados pra sofisticar o paladar e dar prazer, outros te transcende a outros universos. Como por exemplo, o "ergot" você pode até ver deus, mas Deus que me livre de ver deuses, estou encarnado e quero ser um humano encarnado e viver os dilemas dessa essência e condição enquanto humano.
Também dizem que o terreno fértil dos Deuses são os dilemas da natureza humana, há quem diga que o espírito só pode crescer e evoluir nesse ambiente de contingências, desencontros e contratempos. Vencem os corajosos e os fortes.
Para nós um embramanhado de fios, para os deuses talvez seja um fino tecido de linho.
Tudo ainda meia cura, a cura completa ainda exige mas maturação em conserva, o paladar apura e a textura ressalta o prazer de saborear a vivacidade dos organismos vivos e as vicissitudes é apenas um detalhe desse fermentar todo.
Cheers mate.