Todas as nuances da existência humana [ da genialidade à estupidez ]e os Pensamentos de André
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Afinal o que querem as mulheres (l Cap)
http://afinaloquequeremasmulheres.globo.com/programa/category/bastidores/
Roteiro criativo, Linda iluminação, um universo de citações (filosofia, comportamento, cotidiano, literatura e musical)tudo nos detalhes!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
April Child
Vou fazer questão de mostrar dois vídeos da mesma música, a primeira versão é do Cesar Camargo Mariano e Romero Lubambo, fazendo miséria da música April Child
A segunda versão é a banda do Guitarrista Chico Pinheiro abusando do swing e cadência.
A segunda versão é a banda do Guitarrista Chico Pinheiro abusando do swing e cadência.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Jazz Brasileiro
Jazz Brasileiro
Hoje certamente se pode falar em um Jazz Brasileiro, e com iniciais maiúsculas. Constatar a sua existência não é problema. Já defini-lo é algo bem mais difícil.
O rótulo, colocado assim, sem mais, é certamente vago. Será possível torná-lo mais preciso? E de que forma? Uma primeira maneira possível de delimitar o que se entende por "Jazz Brasileiro" seria dizer que ele consiste simplesmente no jazz norte-americano - desde o New Orleans e o Dixieland até o Hardbop, digamos - praticado por músicos brasileiros. Seria brasileiro porque tocado com "sotaque" brasileiro. Essa definição não estaria propriamente errada, porém é demasiado restritiva, deixa muita coisa de fora. Outra maneira seria dizer que o Jazz Brasileiro equivale à Música Instrumental Brasileira Contemporânea, praticada pricipalmente por grupos instrumentais concentrados no eixo São Paulo - Rio de Janeiro - Minas Gerais a partir dos anos 70. Ainda outro caminho seria definir o jazz brasileiro como uma música improvisada segundo uma sintaxe jazzística mas com inflexão e ritmos brasileiros (o que equivaleria, na prática, a uma fusão entre o jazz e a MIBC). Mas neste ponto alguém poderia observar, com justiça, que haveria que se levar em consideração também o chorinho, na medida em que este é o gênero musical que desempenha dentro da cultura musical brasileira o papel análogo ao jazz na cultura norte-americana. E assim por diante: cada tentativa de definição se revela, não falsa, mas incompleta, demasiado restritiva.
Uma coisa é certa: aquilo que percebemos como Jazz Brasileiro não pode ser reduzido a apenas uma dessas linhas estéticas. Também parece improvável que ele possa ser definido como algum tipo de "combinação" desses gêneros em certas proporções relativas. Portanto, quando falamos aqui em Jazz Brasileiro, não estamos falando de um estilo fechado e definido, mas sim plural e mutável.
Provavelmente uma das razões da dificuldade em definir o Jazz Brasileiro reside na riqueza extraordinária da matriz rítmica brasileira. O território brasileiro pulsa de norte a sul numa miríade de ritmos diferentes. Para mencionar apenas alguns, não necessariamente em ordem de importância: o frevo, o maracatu, o maxixe, o xote, o baião, o coco, o martelo, a embolada, a moda, o samba, a bossa nova, a seresta, a rancheira, o batuque. Em outras palavras, poderíamos dizer que não temos um swing apenas, temos muitos.
Uma vez que o Jazz Brasileiro está na intersecção de múltiplas influências, segue-se que podemos procurar as suas origens também em várias direções. Podemos buscar essas origens remontando a Pixinguinha e aos antigos chorões. Ou então podemos voltar até as orquestras de bailes, na época da Segunda Guerra. Ou podemos nos limitar a recuar até uma época mais recente, a do surgimento da bossa nova - que, embora não fosse exclusivamente instrumental, colocou uma nova linguagem harmônica que seria absorvida por muitos instrumentistas. Podemos ainda, finalmente, nos reportar a grupos inovadores e com uma linguagem mais moderna, como o Quarteto Novo.
A pergunta, porém, continua de pé: o que será que une músicos tão díspares como o pianista, regente e arranjador Nelson Ayres, os saxofonistas Mané Silveira, Teco Cardoso e Victor Assis Brasil, o trombonista Raul de Souza, os compositores e multi-instrumentistas Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal, a pianista Eliane Elias, os guitarristas e violonistas Heraldo do Monte, Paulo Belinatti e Laurindo Almeida, os percussionistas Naná Vasconcelos, Dom Um Romão, Guelo e Paulinho da Costa, os bandleaders Severino Araújo e Silvio Mazucca, o arranjador Cyro Pereira? Sabemos de antemão que eles possuem estilos individuais muito diferentes entre si. Com que direito, então, os agrupamos sob um mesmo rótulo?
Talvez a solução não esteja numa definição estilística fechada, mas sim na existência de um certo fator, uma certa "brasilidade", para cuja caracterização precisaríamos contar com os préstimos, não de um musicólogo, mas sim de um antropólogo ou sociólogo... Porém esse caminho, embora seja interessante em si mesmo, não se revela de grande valia para o caso presente, porque não temos como realizar aqui uma análise antropológica desse tipo. Enfim, no que diz respeito à caracterização de um Jazz Brasileiro, já se vê que estamos diante de uma tarefa difícil, mais difícil do que caracterizar qualquer um dos estilos "canônicos" do jazz norte-americano.
Por todas essas dificuldades, vamos optar aqui por utilizar uma noção informal e dinâmica de Jazz Brasileiro, que emerge mais das relações de semelhança entre músicos do que de uma definição precisa. Essa teia de vínculos se constrói pouco a pouco com base em cadeias de influência, essas sim algo que somos capazes de mapear. Assim, por exemplo, podemos partir de um nome como Hermeto Pascoal... que colaborou em diversas ocasiões com Heraldo do Monte... violonista e guitarrista como Paulo Belinatti... que tocou e compôs no grupo Pau-Brasil... no qual tocou também Rodolfo Stroeter... que fez parte do importante grupo de vanguarda Grupo Um... onde tocou também Teco Cardoso... virtuose dos sopros como Carlos Malta... que pesquisou ritmos do interior do Brasil como Paulo Freire... que faz parte da Orquestra Popular de Câmara... e assim por diante. Infinitos outros trajetos semelhantes a esse são possíveis. Assim, o conceito de Jazz Brasileiro emerge, ainda que aos poucos e de maneira inevitavelmente imprecisa, da teia de relações entre diferentes artistas. Não é um conceito fechado, mas aberto.
Se pensarmos bem, um fenômeno parecido já ocorria com certos tipos de jazz de fronteira, como o free e o fusion. Certos artistas e obras desses estilos são tão diferentes daquilo que tradicionalmente se entende por "jazz" que, para inclui-los dentro do jazz, somente se operarmos por similaridades e inter-relações, como fizemos aqui.
É possível avançar mais um pouco na caracterização do Jazz Brasileiro destacando alguns dos traços característicos dessa música. O primeiro diz respeito à formação instrumental. Como se sabe, a música brasileira tem uma boa e sólida tradição instrumental nos sopros (principalmente metais), e também no piano, violão e percussão. Menor é a tradição de instrumentos de arco, por exemplo (e conseqüentemente de orquestras sinfônicas, que têm nas cordas a sua espinha dorsal). Isso condiciona, de certo modo, os efetivos instrumentais que são empregados na música brasileira.
No plano estético, uma característica interessante seria uma certa concisão, uma economia de meios - a despeito da imagem tradicional do Brasil como um país exuberante, excessivo, festivo e carnavalesco. Podemos observar que, ao contrário dessa imagem estereotipada, muitas manifestações musicais se destacam por melodias breves, secas, cortantes, claramente desenhadas; harmonias áridas e ásperas; ritmos simples e poderosos; cantorias a capella desérticas e hieráticas. Isso se observa tanto na música vinda da caatinga, como naquela do cerrado, como na do pantanal. Mesmo o samba, este produto de exportação hoje já devidamente industrializado, é tradicionalmente considerado como sendo da melhor fatura quanto mais econômico e sucinto, tanto nos versos como na melodia. Para dar outro exemplo, a bossa nova consagrou a compressão da informação, em canções breves, com versos altamente poéticos, emoldurados por poucos e sofisticados acordes. Menciono essas raízes para sugerir que o rebarbativo, o ornamentado e o prolixo não são típicos da música brasileira.
Em particular, poucas coisas são mais estranhas à música brasileira do que os acompanhamentos adocicados e filigranados, hoje em dia onipresentes na música pop, executados com cordas - ou, mais recentemente, com sintetizadores. Tampouco é característico da tradição brasileira, por exemplo, o uso das pomposas, rebrilhantes e coreografadas bandas marciais, tão populares na América do Norte: nossas retretas são diferentes. Outros exemplos são possíveis: dificilmente surgiria aqui uma música como a de Richard Wagner, por exemplo. Até o barroco mineiro é econômico! Neste ponto, talvez ocorra a alguém mencionar, como contra-exemplo, a figura de um compositor caudaloso como Heitor Villa-Lobos. Porém é importante notar que mesmo Villa mantém permanentemente a simplicidade como um pólo ativo na criação musical, opondo-se ao outro pólo, o da complexidade. Isso quando ele não gera, magistralmente, a abundância a partir da simplicidade, como faz em tantas passagens.
Dizia Ezra Pound que poesia = concisão. É essa equação que talvez explique o caráter "poético" da música brasileira. Voltando os nossos ouvidos para o Jazz Brasileiro, percebemos que essa "escola da concisão" produziu frutos. O foco da música é geralmente bem definido. O fraseado é incisivo. Os acompanhamentos são econômicos. A harmonia é concentrada, porém de grande efeito. Mesmo o humor e a decantada "brejeirice" brasileira, que não deixam de dar as caras, são obtidos de maneira "esperta", sempre ligando A e B pelo caminho mais curto possível: quem piscar, perde a gag.
Dos anos 80 do século XX para cá, pudemos presenciar uma considerável valorização do Jazz Brasileiro, embora o destaque dado pela mídia àqueles artistas ainda esteja aquém do que seria desejável. Mas tem crescido no público e na imprensa a percepção de que os músicos brasileiros foram e são capazes de criar uma música elaborada, coerente, tecnicamente bem realizada, que sem dúvida pode se equiparar ao que de melhor o jazz norte-americano já produziu. E com uma qualidade adicional: trata-se de uma música vital, que traduz as melhores características da civilização brasileira. Na medida em que acreditamos que existe algo na brasilidade que é de algum modo relevante para o restante do mundo, e para a humanidade como um todo, o Jazz Brasileiro é um canal aberto para a difusão dessa coisa boa que trazemos dentro de nós.
(V.A. Bezerra, 2001)
Hoje certamente se pode falar em um Jazz Brasileiro, e com iniciais maiúsculas. Constatar a sua existência não é problema. Já defini-lo é algo bem mais difícil.
O rótulo, colocado assim, sem mais, é certamente vago. Será possível torná-lo mais preciso? E de que forma? Uma primeira maneira possível de delimitar o que se entende por "Jazz Brasileiro" seria dizer que ele consiste simplesmente no jazz norte-americano - desde o New Orleans e o Dixieland até o Hardbop, digamos - praticado por músicos brasileiros. Seria brasileiro porque tocado com "sotaque" brasileiro. Essa definição não estaria propriamente errada, porém é demasiado restritiva, deixa muita coisa de fora. Outra maneira seria dizer que o Jazz Brasileiro equivale à Música Instrumental Brasileira Contemporânea, praticada pricipalmente por grupos instrumentais concentrados no eixo São Paulo - Rio de Janeiro - Minas Gerais a partir dos anos 70. Ainda outro caminho seria definir o jazz brasileiro como uma música improvisada segundo uma sintaxe jazzística mas com inflexão e ritmos brasileiros (o que equivaleria, na prática, a uma fusão entre o jazz e a MIBC). Mas neste ponto alguém poderia observar, com justiça, que haveria que se levar em consideração também o chorinho, na medida em que este é o gênero musical que desempenha dentro da cultura musical brasileira o papel análogo ao jazz na cultura norte-americana. E assim por diante: cada tentativa de definição se revela, não falsa, mas incompleta, demasiado restritiva.
Uma coisa é certa: aquilo que percebemos como Jazz Brasileiro não pode ser reduzido a apenas uma dessas linhas estéticas. Também parece improvável que ele possa ser definido como algum tipo de "combinação" desses gêneros em certas proporções relativas. Portanto, quando falamos aqui em Jazz Brasileiro, não estamos falando de um estilo fechado e definido, mas sim plural e mutável.
Provavelmente uma das razões da dificuldade em definir o Jazz Brasileiro reside na riqueza extraordinária da matriz rítmica brasileira. O território brasileiro pulsa de norte a sul numa miríade de ritmos diferentes. Para mencionar apenas alguns, não necessariamente em ordem de importância: o frevo, o maracatu, o maxixe, o xote, o baião, o coco, o martelo, a embolada, a moda, o samba, a bossa nova, a seresta, a rancheira, o batuque. Em outras palavras, poderíamos dizer que não temos um swing apenas, temos muitos.
Uma vez que o Jazz Brasileiro está na intersecção de múltiplas influências, segue-se que podemos procurar as suas origens também em várias direções. Podemos buscar essas origens remontando a Pixinguinha e aos antigos chorões. Ou então podemos voltar até as orquestras de bailes, na época da Segunda Guerra. Ou podemos nos limitar a recuar até uma época mais recente, a do surgimento da bossa nova - que, embora não fosse exclusivamente instrumental, colocou uma nova linguagem harmônica que seria absorvida por muitos instrumentistas. Podemos ainda, finalmente, nos reportar a grupos inovadores e com uma linguagem mais moderna, como o Quarteto Novo.
A pergunta, porém, continua de pé: o que será que une músicos tão díspares como o pianista, regente e arranjador Nelson Ayres, os saxofonistas Mané Silveira, Teco Cardoso e Victor Assis Brasil, o trombonista Raul de Souza, os compositores e multi-instrumentistas Egberto Gismonti e Hermeto Pascoal, a pianista Eliane Elias, os guitarristas e violonistas Heraldo do Monte, Paulo Belinatti e Laurindo Almeida, os percussionistas Naná Vasconcelos, Dom Um Romão, Guelo e Paulinho da Costa, os bandleaders Severino Araújo e Silvio Mazucca, o arranjador Cyro Pereira? Sabemos de antemão que eles possuem estilos individuais muito diferentes entre si. Com que direito, então, os agrupamos sob um mesmo rótulo?
Talvez a solução não esteja numa definição estilística fechada, mas sim na existência de um certo fator, uma certa "brasilidade", para cuja caracterização precisaríamos contar com os préstimos, não de um musicólogo, mas sim de um antropólogo ou sociólogo... Porém esse caminho, embora seja interessante em si mesmo, não se revela de grande valia para o caso presente, porque não temos como realizar aqui uma análise antropológica desse tipo. Enfim, no que diz respeito à caracterização de um Jazz Brasileiro, já se vê que estamos diante de uma tarefa difícil, mais difícil do que caracterizar qualquer um dos estilos "canônicos" do jazz norte-americano.
Por todas essas dificuldades, vamos optar aqui por utilizar uma noção informal e dinâmica de Jazz Brasileiro, que emerge mais das relações de semelhança entre músicos do que de uma definição precisa. Essa teia de vínculos se constrói pouco a pouco com base em cadeias de influência, essas sim algo que somos capazes de mapear. Assim, por exemplo, podemos partir de um nome como Hermeto Pascoal... que colaborou em diversas ocasiões com Heraldo do Monte... violonista e guitarrista como Paulo Belinatti... que tocou e compôs no grupo Pau-Brasil... no qual tocou também Rodolfo Stroeter... que fez parte do importante grupo de vanguarda Grupo Um... onde tocou também Teco Cardoso... virtuose dos sopros como Carlos Malta... que pesquisou ritmos do interior do Brasil como Paulo Freire... que faz parte da Orquestra Popular de Câmara... e assim por diante. Infinitos outros trajetos semelhantes a esse são possíveis. Assim, o conceito de Jazz Brasileiro emerge, ainda que aos poucos e de maneira inevitavelmente imprecisa, da teia de relações entre diferentes artistas. Não é um conceito fechado, mas aberto.
Se pensarmos bem, um fenômeno parecido já ocorria com certos tipos de jazz de fronteira, como o free e o fusion. Certos artistas e obras desses estilos são tão diferentes daquilo que tradicionalmente se entende por "jazz" que, para inclui-los dentro do jazz, somente se operarmos por similaridades e inter-relações, como fizemos aqui.
É possível avançar mais um pouco na caracterização do Jazz Brasileiro destacando alguns dos traços característicos dessa música. O primeiro diz respeito à formação instrumental. Como se sabe, a música brasileira tem uma boa e sólida tradição instrumental nos sopros (principalmente metais), e também no piano, violão e percussão. Menor é a tradição de instrumentos de arco, por exemplo (e conseqüentemente de orquestras sinfônicas, que têm nas cordas a sua espinha dorsal). Isso condiciona, de certo modo, os efetivos instrumentais que são empregados na música brasileira.
No plano estético, uma característica interessante seria uma certa concisão, uma economia de meios - a despeito da imagem tradicional do Brasil como um país exuberante, excessivo, festivo e carnavalesco. Podemos observar que, ao contrário dessa imagem estereotipada, muitas manifestações musicais se destacam por melodias breves, secas, cortantes, claramente desenhadas; harmonias áridas e ásperas; ritmos simples e poderosos; cantorias a capella desérticas e hieráticas. Isso se observa tanto na música vinda da caatinga, como naquela do cerrado, como na do pantanal. Mesmo o samba, este produto de exportação hoje já devidamente industrializado, é tradicionalmente considerado como sendo da melhor fatura quanto mais econômico e sucinto, tanto nos versos como na melodia. Para dar outro exemplo, a bossa nova consagrou a compressão da informação, em canções breves, com versos altamente poéticos, emoldurados por poucos e sofisticados acordes. Menciono essas raízes para sugerir que o rebarbativo, o ornamentado e o prolixo não são típicos da música brasileira.
Em particular, poucas coisas são mais estranhas à música brasileira do que os acompanhamentos adocicados e filigranados, hoje em dia onipresentes na música pop, executados com cordas - ou, mais recentemente, com sintetizadores. Tampouco é característico da tradição brasileira, por exemplo, o uso das pomposas, rebrilhantes e coreografadas bandas marciais, tão populares na América do Norte: nossas retretas são diferentes. Outros exemplos são possíveis: dificilmente surgiria aqui uma música como a de Richard Wagner, por exemplo. Até o barroco mineiro é econômico! Neste ponto, talvez ocorra a alguém mencionar, como contra-exemplo, a figura de um compositor caudaloso como Heitor Villa-Lobos. Porém é importante notar que mesmo Villa mantém permanentemente a simplicidade como um pólo ativo na criação musical, opondo-se ao outro pólo, o da complexidade. Isso quando ele não gera, magistralmente, a abundância a partir da simplicidade, como faz em tantas passagens.
Dizia Ezra Pound que poesia = concisão. É essa equação que talvez explique o caráter "poético" da música brasileira. Voltando os nossos ouvidos para o Jazz Brasileiro, percebemos que essa "escola da concisão" produziu frutos. O foco da música é geralmente bem definido. O fraseado é incisivo. Os acompanhamentos são econômicos. A harmonia é concentrada, porém de grande efeito. Mesmo o humor e a decantada "brejeirice" brasileira, que não deixam de dar as caras, são obtidos de maneira "esperta", sempre ligando A e B pelo caminho mais curto possível: quem piscar, perde a gag.
Dos anos 80 do século XX para cá, pudemos presenciar uma considerável valorização do Jazz Brasileiro, embora o destaque dado pela mídia àqueles artistas ainda esteja aquém do que seria desejável. Mas tem crescido no público e na imprensa a percepção de que os músicos brasileiros foram e são capazes de criar uma música elaborada, coerente, tecnicamente bem realizada, que sem dúvida pode se equiparar ao que de melhor o jazz norte-americano já produziu. E com uma qualidade adicional: trata-se de uma música vital, que traduz as melhores características da civilização brasileira. Na medida em que acreditamos que existe algo na brasilidade que é de algum modo relevante para o restante do mundo, e para a humanidade como um todo, o Jazz Brasileiro é um canal aberto para a difusão dessa coisa boa que trazemos dentro de nós.
(V.A. Bezerra, 2001)
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Mandarin
Essa canção é a combinação perfeita de letra e música. Sempre ouvi essa música com muita atenção e reparava nas pausas, nos climas, tensões e repouso. Adoro a forma como a melodia passeia na harmonia.
Cerca de uma ano atrás pesquisei essa letra e não achei, então achei a Luciana Alves ,(a musa que canta essa música), na internet e recebi a letra da própria interprete.
MANDARIM
(Chico Pinheiro/ Paulo César Pinheiro)
Por amor tudo o que eu sofri
O problema foi meu
Pudera, não cuidei de mim
Eu fiquei sempre à espera de uma primavera
Um eterno jardim
Mas o amor nunca foi assim
Foi por isso que eu me perdi
O que achei que era amor, não era
Isso foi ruim
Quando o amor solta a fera
Desfaz a quimera
Desmancha o festim
É o primeiro sinal do fim
Quando o amor gira a esfera
Quem não se supera
Cai do trampolim
Sente dor, desespera
E o amor não se altera
Que nem manequim
Mas agora eu já me rendi
Que no peito é o amor que impera
Ele é o mandarim
Só queria, ah quem dera
À paixão mais sincera
Voltar
Ai de mim
Mas perdi meu amor sem fim
Cerca de uma ano atrás pesquisei essa letra e não achei, então achei a Luciana Alves ,(a musa que canta essa música), na internet e recebi a letra da própria interprete.
MANDARIM
(Chico Pinheiro/ Paulo César Pinheiro)
Por amor tudo o que eu sofri
O problema foi meu
Pudera, não cuidei de mim
Eu fiquei sempre à espera de uma primavera
Um eterno jardim
Mas o amor nunca foi assim
Foi por isso que eu me perdi
O que achei que era amor, não era
Isso foi ruim
Quando o amor solta a fera
Desfaz a quimera
Desmancha o festim
É o primeiro sinal do fim
Quando o amor gira a esfera
Quem não se supera
Cai do trampolim
Sente dor, desespera
E o amor não se altera
Que nem manequim
Mas agora eu já me rendi
Que no peito é o amor que impera
Ele é o mandarim
Só queria, ah quem dera
À paixão mais sincera
Voltar
Ai de mim
Mas perdi meu amor sem fim
terça-feira, 23 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Burocracia
Blog um pouco abandonado nesse mês, mas aí vai uma boa!
Eu sabia que o Programa Junto e Misturado seria bom, isso porque o Bruno Mazeo e sua turminha do "Programa Cilada" é quem esta a frente do roteiro e produção!!!
Só poderia dar em humor ácido sobre as situações do dia a dia!
Eu sabia que o Programa Junto e Misturado seria bom, isso porque o Bruno Mazeo e sua turminha do "Programa Cilada" é quem esta a frente do roteiro e produção!!!
Só poderia dar em humor ácido sobre as situações do dia a dia!
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Caxangá - Elis Regina/ Milton
Sempre no coração
Haja o que houver
A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher
Veja bem meu patrão como pode ser bom
Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar
Luto para viver
Vivo para morrer
Enquanto minha morte não vem
Eu vivo de brigar contra o rei
Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo
Com tudo que tem pra contar
Casos e desejos coisas dessa vida e da outra
Mas nada de assustar
Quem não é sincero sai da brincadeira correndo pois pode se queimar
Queimar
Saio do trabalho e
Volto para casa e
Não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A "Sara" - Deep Metamorphose
Olha, eu tenho alguém na minha vida em que nunca me esquecerei. É a "Sara".
Na verdade eu tive uma "Sara" na minha vida, e isso talvez não seja tão dificil de adivinhar,é quase que disparar na multidão. E quem não teve uma "Sara"??? Se não teve, terás! Não fique preocupado planejando cuidadosamente o dia a hora, ou ,como se previnir, não se preocupe, a "Sara" vai te encontrar.
O lado bom da "Sara" perdida, é que ela te abre um mundo novo, e de certa forma poe o teu esqueleto em pé. Te faz querer buscar mais coisas, talvez na tentaviva de sanar a falta, e nessa a gente acaba saindo no lucro pois o conhecimento se expande, a sensibilidade aguça e assim passamos a respeitar melhor a dor dos outros.
Não que eu tenha a boba esperança de um dia te-la de volta, é inútil pensar assim. A ideia é, a dor da ausência, me torna melhor.
É claro que nem todos enxergam essa saída. Muitos se perdem, e se perdem mesmo!.
No fundo, no fundo, não é a "Sara" que queremos de volta, mas sim o momento vivído, a experiência de sentimentos naquela hora boa. E isso... não volta. Nos mudamos, as pessoas estão em constante mudanças.
Você sabia que você nem é mais você fisicamente daqui a alguns anos? Suas células se regeneram, e não há no seu corpo nenhuma célula das que contigo nasceram.
No pensamento... a mudança pode ser ainda maior, portanto ter a "Sara" de volta certamente seria uma desastrosa experiência por um simples motivo: Nem você e nem a "Sara" são mais os mesmos.
É claro que nem todos enxergam essa saída. Muitos se perdem, e se perdem mesmo! Na dor, e na desesperança. O amor é confuso, rasga e sara como uma espada de dois gumes.
Digamos que você me conheceu meio querendo me perder, e meio achando a soluçao de ser alguém para além dessa perda, que considero um passaporte para o mundo novo.
As vezes a gente quer diversão mesmo, para sanar um dia down, e as vezes a gente só quer ficar só e saber que a dor nos eleva ao um estado de consciência do que realmente é esse mundo, e ainda sim sermos capaz extrair beleza do imenso caos que é a repetição, rotina, cotidiano, a cidade, as tolas aspirações de um mundo foolish.
Mas sem essa de felicidade barata, é melhor admitir o trágico e ainda sim ser alguém interessante.
As vezes encho a boca pra dizer: NICE TO BE DEAD, ITS NICE TO BE UNDERGROUND!
As vezes a gente não quer nada, num dia aparentemente bôbo, você encontra alguém muito bela e misteriosa no mercado, ela está vendendo produtos em uma feira de artesanato bem no hall de entrada, ou fazendo compras , eu com listas escritas a lápis, e ela com o seu arsenal que é seu o charme e beleza. Ela nos atraí até a seção de cosmeticos especificamente shampoos e condicionadores, praticamente um beco sem saída. Lá onde as mulheres fazem dos homens presa fácil.
Tomam o produto em suas mãos, cheiram... passam as mãos nos cabelos com suave delicadeza, e agindo como se não estivessem sendo notadas elas entorpecem de total charme e beleza o homem mais próximo, que não tem a mínima chance de sair desse beco sem que parte de sua alma fique manchada pelo desejo.
- Quanto custa esse livro?
- (lindo sorriso), Não! Esse livro não esta a venda! É apenas o marcador. Esse livro é meu.
- (olhares), Então bem que você poderia me emprestar. (pensamentos ternos e ou vil)
- (lindo sorriso), Não! Esse livro não esta a venda! É apenas o marcador. Esse livro é meu.
- (olhares), Então bem que você poderia me emprestar. (pensamentos ternos e ou vil)
"A história tem um sentido?" Dizia o título do lívro.
Botões "Saras" que aspiram vir a ser Rosas.
Com velocidade voraz, Crescem desvairadas aos milhares nos campos
Sem que possam ser silenciadas.
Mas é claro que nem todos enxergam essa saída. Muitos se perdem, e se perdem mesmo! Na dor, e na mudança de um mundo para o outro.
"É de um falso amor que eu preciso
Que seja sem dor e que me bajule o ego
Não, não quero mais amores cegos, pra não
Machucar o meu peito sofrido."
Que seja sem dor e que me bajule o ego
Não, não quero mais amores cegos, pra não
Machucar o meu peito sofrido."
(André Alcântara / )
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
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