sábado, 30 de julho de 2011

PROJETO AXIAL

Felipe Julián é produtor e integrante do Axial. Com três álbuns lançados já percorreu o Brasil e alguns países da Europa com este projeto. Além de músico, Felipe também atua como professor do curso de Produção Musical na Anhembi Morumbi e é o criador do sistema Bagagem de distribuição digital de música, um aplicativo que une grupos musicais à artistas visuais. Ele é o primeiro personagem que abre uma série de entrevistas sobre turnês internacionais aqui no blog.  O que ele aprendeu com estas viagens? Leia abaixo!
Qual é o momento certo para um artista brasileiro tentar uma turnê internacional?
Difícil dizer. Mas atualmente acredito que ele deve gerar uma boa estrutura no Brasil antes de viajar. No mínimo precisa ir com um portfiólio de boas realizações por aqui e com uma presença digital bem organizada na web, (sites de distribuição, matérias, videos etc..) pois se ele pretende voltar a viajar, precisa garantir que o público que vai conquistar nessa primeira viagem, tenha como continuar a relação com o seu trabalho. Com o Axial, decidimos montar um projeto de residência aqui em São Paulo mesmo para que, dessa residência e da parceria com outros artistas nesse mesmo espaço, possamos gerar material e argumentos suficientes para fazer uma turnê na Europa ou na América Latina em condições menos mambembes do que as que fizemos anteriormente. Acho que acaba-se dando muita “amostra grátis” ou “pocket show” pros estrangeiros e pouco “espetáculo”. E ai fica uma sensação de que a música brasileira é meio assim mesmo, faz do jeito que der. Eu captei um pouco dessa opinião quando fui para a Alemanha.
O planejamento acontece com quanto tempo de antecedência? Quais são as etapas?
Se você descobrir me diga. Atualmente estou pensando que 6 meses é muito pouco. E quais as etapas? Difícil dizer pois tudo depende da existência prévia de convites ou não. Se já há um produtor ajudando lá fora, tudo fica mais
fácil.
Existe algum tipo específico de opção de financiamento para bancar uma turnê desse tipo?
Não que eu saiba. Sei que há ajuda de passagens aéreas via MinC. Existem bolsas de intercâmbio para residências mas raramente é para mais de um artista. Já achei que os bancos poderiam dar linhas de crédito para exportação de
bens culturais. Mas acho que isso é bastante complexo pois a maior parte desse dinheiro será gasto fora do país.
Qual é a maior dificuldade em termos de produção?
Há diferenças gritantes em relação ao mercado brasileiro?
Ou seja, existem especificidades no Brasil em relação a produção de shows?
Acho que o Brasil é muito profissional em realização de shows. Se você sabe produzir um show pra um festival daqui, vai ser igual fora daqui. A maior dificuldade que vejo é a distância com a Europa e EUA. A distância
encarece e dificulta tudo. Se houvesse um circuito latinoamericano consistente seria muito mais fácil. E se houvesse trem entre os países então teríamos um fenômeno cultural acontecendo na América Latina. Essa dificuldade de trânsito é muito grave aqui. Lá na Europa você vai de trem a um preço baixo de um lugar para o outro carregando todo seu equipamento sem custo adicional e chegando com ele em perfeito estado. Na verdade, estando na Europa (conheço apenas Alemanha, Portugal e Rep. Tcheca) a produção de um show ou de mais de um show parece mais fácil do que em São Paulo. A dificuldade é estar lá.

De modo geral, qual é a maior dificuldade de se organizar uma turnê internacional?
Distância. Pouco acesso às pessoas e espaços estando tão longe.
Como, normalmente, o artista não é tão conhecido lá fora como é aqui, o investimento em divulgação tem que ser muito maior? Que tipo de coisa é preciso fazer (que não se faz aqui)?
Juro que sinto que ocorra o oposto. Parece que lá fora você precisa divulgar menos do que aqui! Talvez o fato de ser um grupo estrangeiro desperte mais atenção. Mas sempre que tocamos fora, houve publico naturalmente. Se o Axial quiser tocar em Bauru, vai ter que catar o público na unha.
A internet é uma aliada nesses casos? Fica mais fácil o planejamento e a divulgação por conta da rede?
Sem dúvida! Mas o MySpace já não é o mesmo e acho que o boom já foi. Continua valendo mais o boca a boca. Mas há muitas ferramentas novas. Estive utilizando o SonicBids, o Reverbnation, o BandCamp e o ArtistData.
Todos muito interessantes mas pouco indicados para quem está no Brasil. Eu acho que deveria haver algum serviço equivalente gerenciado aqui no Brasil que fomentasse o mercado interno e auxiliasse na viagem para o exterior. O ArtistData seria fantástico mas só faz sentido usá-lo quando você já está lá.
Qual é a grande vantagem de se tentar uma turnê internacional? Que tipo de precauções é preciso tomar para não jogar dinheiro fora? Há que se ter mais cuidado com alguns aspectos que aqui, talvez, nem seriam levados em conta?
Minha experiência não é tão grande pra responder esta. Mas eu diria que nunca se deve marcar um show no mesmo dia em que se vai chegar de avião na cidade. Tudo pode dar errado. Também não se devem subestimar as distâncias entre as cidades. De resto…não saberia o que dizer.
Em que mercados há mais espaço para os artistas brasileiros hoje em dia? Há lugares onde a música nacional penetra mais facilmente?
Sinto que a Alemanha gosta muito do Brasil. Estou certo que a Argentina também. Mas é mais fácil ir para a Argentina do que Alemanha.
A participação de músicos/bandas brasileiros (as) vem crescendo no mercado internacional? É possível contabilizar isso?

Nenhum comentário:

Marcadores

Contador

Seguidores

Arquivo do blog

Twitter