Cada vez mais nos sentimos ilhados por tantas correntes pseudo-evoluidas baseada em pura desinformaçäo e melindres acadêmico, isso sem falar do lixäo de sempre, da tv, modinhas, o funk carioca, o "sertanojo" universitário, e o bando de molecada EMO vestindo-se como punk, só que mais elitizado, ou melhor, estilizado, mas no fundo näo passam de revoltados "do bem" sem conhecimento de mundo. Mal sabem eles que o Punk era algo assim, digamos, mais sujo, quase desdentado, uma negaçäo social que era um protesto mais eficaz, enquanto que EMO rasga o cabelo para ir ao shopping e ser parecido com o Fiuk. E a ilha dos sátiros segue seleta a milhares de anos daqui.
Em meio a vinhos e pizzas, uma vez disse a uma amiga, que pensei um dia estudar antropologia. Ela, que trabalha como professora de artes, me interrompeu pra dizer que a vida dentro dos limites acadêmico era uma barreira para a arte e as vezes até para o conhecimento, mas eu retomei e disse que havia percebido isso e que esse meu pensamento bobo mas era um sonho morto. Na verdade eu quero conhecer os limites do mundo pela vivência, viajar, percorrer, perceber, registrar, "correr o mundo, correr perigo" (falei solto assim pra ela ).
Nessa hora percebi que ela se sentiu um pouco insultada por sua própria colocaçäo que reafirmei, mas juro que näo fiz e näo faço pouco caso da vida acadêmica, só näo quero pra mim. Uma vez que viver do conhecimento seria repassa-lo, näo me interessa como carreira de vida. Sou bem despretensioso quanto a academia e seus figurinos, apenas sou um curioso de mundo, e ponto.
A dois dias atrás peguei um táxi e sai sem rumo pelas noites de Buenos Aires a procura de boa musica, acabei encontrando boas amizades de mochileiros noroegueses "abrasileirados ". Ao som de uma salsa cubana concordamos o quanto se aprende viajando e conhecendo lugares e pessoas, equivale a muitos anos de sala de aula. Filhos de um violochelista brasileiro que se consagrou na Europa por tocar na orquestra da Filarmonica da Noroega e por ter trabalhado num trio com ninguem menos que Paquito d' Riviera! Os dois seguem trabalhando 3 meses na Noroega e depois viajando 5 meses pelo mundo. Acabamos por nos conhecer em um bar em San telmo (B. Aires) e encontramos lugares comum entre essa coisa de "mochilar".
Sobre essa filosofia, ando aceitando "nossa condenaçäo a liberdade" que tanto falava Sartre, sem entrar em discussäo sobre a questäo "liberdade",eu penso que cada um cria seus mundos e suas crenças mesmo usando as convençöes que ja estäo disponíveis, li algo a respeito e tendo a concordar: "Mundos säo criados por palavras, näo apenas por martelos e arames".
... Ao analizar as teorias de três grandes analistas da chamada psicoterapia profunda - Sigmund Freud, Carl Gustav Jung e Alfred Adler - Hilman revela o trabalho analítico de uma óptica ficcional. Para ele, as tramas säo nossas teorias, a maneira como organizamos as intençöes da natureza humana para que possamos entender o porquê da sequência de eventos em uma história. Para curar um sintoma é preciso curar a ficçäo na qual a pessoa imagina viver. (ficçöes que curam, James Hilman) Texto de Lúcia Rosenberg a revista mente e cérebro...
Acredito que venho criando a minha ficçäo a fim de conhecer, sensorialmente perceber e aprender com outras ficçöes, tenho interesse pela "a historia de cada um", desde os detalhes ao acaso ,o "Quod Cuique Evenit" que Santo Agostinho fala em cidade de Deus.
Parte dessa curiosidade e' uma inquietaçäo existencial que eu tenho ha alguns anos que me colocou nesse rumo do näo rumo a fim de tentar amenizar um sentimento de querer "engolir o mundo", de "beber o mar" (termos dijavânicos). Aliás se eu tivesse que escolher um trecho "djavânico" que explica um pouco disso seria esse:
Parte dessa curiosidade e' uma inquietaçäo existencial que eu tenho ha alguns anos que me colocou nesse rumo do näo rumo a fim de tentar amenizar um sentimento de querer "engolir o mundo", de "beber o mar" (termos dijavânicos). Aliás se eu tivesse que escolher um trecho "djavânico" que explica um pouco disso seria esse:
As vezes a gente acorda acreditando no mundo, acreditando que vale a pena a lutar arduamente por coisas boas que já vimos acontecer ou acreditar que algo novo de bom esta por vir. Mas "por la noche" esse sentimento se deixa esvair. "Le matin je fais des projets et le soir je fais des sottises", ( de manhä tomo boas resoluçöes e de noite faço tolices ).
Mais vinhos, outra noite, outra amiga e conversas sobre lívros e bobeiras filosóficas de buteco, e ela acaba soltando essa pergunta curiosa: - Você sabe o que é vagabundo?
E seguiu sua explicaçäo através de uma história onde um velho afirmava ser vagabundo e sustentava que vagabundo na verdade é o termo transformado de "vaga bundus" que significa Vagar o Mundo, alguma coisa assim. Fui pesquisar o termo e achei uma definiçäo melhor: Diz respeito a estrada. Sobre a vida fora dos limites da vida planejada.Sobre a confiança na seqüência de eventos aleatórios. Sobre atos imotivados de beleza.
Na época achei essa ideia menos interessante do que acho hoje, mas de alguma forma ficou gravado isso em mim, hoje eu diria que pelo mundo eu quero vagar. Näo quero mais salvar ninguém, näo quero mais ser salvo por ninguém, mas para acalentar minha inquieta alma preciso percorrer e registrar tudo ao sabor da arte, essa que agoniza como os sátiros cantando no altar a ser sacrificada aos Deuses das Moscas.
O meu canto de sátiro:
Eu diria que pelo mundo ...
O meu canto de sátiro:
Eu diria que pelo mundo ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário