sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

SONHO > MEU PÁSSARO MORTO DERRUBOU UM AVIÃO








Eu sempre tive sonhos psicodélicos! E quem não tem? De dia eu faço um esforço danado pra compor letras ou até mesmos textos com personagens, de noite não, a coisa flui natural nos sonhos! rssss. Eu literalmente sou melhor roterista quando estou dormindo! ( Começa agora a série: MEUS SONHOS PSICODÉLICOS)

Na verdade nem me lembro de ter passado por todo esse processo de “check-in”, quando dei por mim já estava a bordo. A bordo também do avião estavam algumas pessoas conhecidas: me lembro de reconhecer a Alitéia e a Renata, apenas duas poltronas atrás, na mesma fileira.
No corredor ao lado, duas poltronas à frente, estava um casal distinto de velhinhos (que até me pareciam familiar). Havia mais pessoas conhecidas, mas as que me recordo eram essas. Eu estava na quarta poltrona, mais ou menos, acompanhado da minha noiva. O avião estava em sua capacidade máxima de passageiros, é claro.
Nessas viagens longas o sentimento de estar preso numa “minhoca de metal” é desesperador. Alguns levam revistas sobre moda e comportamento de celebridades, outros levam livros como o “ O alquimista” de Paulo Coelho (e ainda conseguem dizer... esse lívro mudou a minha vida ...), e há ainda aqueles que não levam nada, apenas enchem a cara de “Scotch”.
Eu levei meu pássaro de estimação. Ele não era apenas um pássaro de estimação, ele era o meu símbolo do impossível, do improvável. Ele devia ter uns 10 centímetros apenas, era pequeno, mas causava bastante alvoroço no avião. Não, não era o seu comportamento, pois até dado momento ele estava bem dócil, na verdade era a sua existência que causava admiração e assédio.
Como eu já disse, ele não era apenas um pássaro. O que diferenciava meu amiguinho de outros pássaros era o fato dele não possuir tecidos, carne, tendões, pulmões, nada disso! Ele era apenas o esqueleto, o “chassi do frango” como por aí dizem, a armação, o projeto ... apenas a estrutura óssea!(fato esse que não o abstinha de ser um material animado). Ele tinha movimento e realmente havia vida naquele amontoado de ossos. Todas as pessoas que passavam pela minha poltrona e percebiam meu amiguinho “morto-vivo” queriam vê-lo, queriam tocá-lo, e tudo isso era demais porque todos me elogiavam e diziam, “Que legal André! Isso é demais!”
Não posso negar que no meu peito o orgulho se fez residente. E logo percebi que eu tinha um tesouro em minhas mãos, ao menos era uma máquina de fabricar reconhecimento ,orgulho e por fim prazer. Todos esses sentimentos que são raros e custosos hoje em dia.
Nenhum dos admiradores me indagaram a respeito da ausência do corpo. Era um fato quase que aceitável para a maioria deles. No máximo o que aconteceu foi o fato de a Alitéia ter manuseado o pequeno pássaro, abrindo suas asas.
“Que belíssima abertura!”, exaltou ela com tamanho entusiasmo.
E assim seguia tranquila a nossa viagem até aquele momento. Passada a euforia todos se acomodaram em seus assentos, e eu voltara a ter meu pássaro macabro de volta em minhas mãos. O meu Orgulho.
Como numa fração de segundos tudo mudou. Quando eu olho para o pequeno pássaro ele estava todo enrolado em uma linha de costura. Eu nem quis me perguntar de onde viera aquela linha, e naquele momento só pensava em salvá-lo.
Comecei a desatar os nós do esqueletinho, e logo ao puxar os emaranhado de linha, uma agulha surge e penetra a palma da minha mão, transpassando por completo!
O sangue jorrando, as linhas emaranhadas, o povo surtando, e o esqueletinho correndo sem controle sob os assentos dos passageiros! Então começo a seguir um fio condutor que me leva até o pássaro, que já estava no final da aeronave. Me abaixo para alcançá-lo, pego-o na mão e percebo seu desespero, pois estava lutando pela sua vida (mesmo que não tivesse uma).
Naquele momento, no meio da aeronave, todo o meu orgulho se transformou em vergonha, e toda a minha alegria se converteu em dor.
Diante de todo aquele cenário eu me dei conta que aquele mísero pedaço de ave estava colocando em rísco todas as vidas a bordo!

“Maldito seja!!!”, pensei, e logo em seguida me ocorreu um outro pensamento... “Eu tenho que matar essa ave maldita!!!”

Busquei rapidamente um martelo, na caixa de ferramentas, coloco então a ave no chão e pressiono contra a fuselagem do avião com toda a minha força e, antes de disparar meu primeiro golpe, levanto a minha cabeça e vejo de onde é que surgiam as linhas. Passei a seguir o rastro de fios, e os fios ficavam mais intensos a medida que eu ia me aproximando da fonte, vinham em blocos de quatro tufos de uma só vez.
Fui acompanhando as linhas até quase a cabine do piloto. O jorro de fios vinham das primeiras poltronas. Por fim, chegando até a fonte, vejo uma velha num tear, e para minha surpresa ,ao virar-se, percebi que aquela velha era minha avó!!!

Eu já devia suspeitar: as avós sempre mexem com esses negócios de costura! Dessa vez o pensamento não passou em branco e não me escapou a pergunta:

- O que diabos minha avó está fazendo com essa porcaria de costura, bem aqui no meio desse avião?
Enfim, foi nesse instante que me recordei , com num “click”,”Espera um minuto, minha avó já morreu!”
Seja lá o que fosse, ela não tinha nada que costurar coisas nesse tear.
Também, esse papo de passarinho morto-vivo estava muito esquisito. Eu já estava farto de tudo aquilo. Peguei meu estimado e almadiçoado “pássaro de ossos” e arremessei contra os tufos de fios, que, nessa altura, corriam como rios dentro do avião. Estava armado o caos no jorro de fios que saia do tear, de tal forma que o pássaro foi parar novamente no fim da aeronave.

“Acabou”, pensei. “Ele está morto”.

Fui até o fim da aeronave e percebi que o pássaro estava todo enrolado nos fios do tear. Para o meu espanto ele ainda estava relutando, e dessa vez com muito mais fervor e truculência.
Eu ainda tinha o martelo em minha mão direita e então como num impulso começo a marretá-lo freneticamente, e entre uma marretada e outra, ocorreu-me um pensamento: “Esse avião vai explodir”.
Continuei a marretar e um outro pensamento se opôs ao primeiro: “Não vai não, Isso não vai acontecer”. E esse foi o derradeiro pensamento.


Continuei a martelar, martrelar, martelar, mart...

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