sábado, 5 de fevereiro de 2011

Entre-Fôlegos de um Basqueteiro Solitário

Entre-fôlegos de um Basqueteiro Solitário (Caio Meira).






Quinze para as duas da tarde
Na trajetória indefinida da bola, um vôo cego de idéias inacabadas quicando no chão e nos Muros


Ah!, se não tivesse quebrado tantas promessas de intimidade, ou não faltasse aos encontros e Aos riscos


Talvez fosse milionário e igualmente descontente, talvez estivesse feliz criando cogumelos em Nova Lima


Não tenho radar para me guiar no escuro, e na claridade desta tarde orientes e mitos surgem Ofuscados
Sobram contornos, arestas, rugosidades
E entre uma linha e outra, inúmeras e imprudentes lagartas esmagadas
E entre o chão e o aro, o peso e a circunferência onde me arremesso


Talvez eu deva jogar na mega-sena acumulada
E se ganhar aquela bolada (ah!, se ganhar aquela bolada), ir rifar o dinheiro com as putas Parisienses, subornar um senador da república ou patrocinar cocaína para os amigos


Mas o que pode restar de alguém que um dia ganhou tantos milhões de dinheiros
Poderá caminhar à tarde, pegar o metrô em Botafogo e ir ao centro da cidade procurar um Livro no sebo?
Poderá dormir no ônibus, com o rosto encostado no vidro, e não saltar no ponto de descida?
Perder-se, sentir fome, carregar silenciosamente uma hérnia de disco, ter um pâncreas Ectópico, uma esofagite de refluxo


Não sei por quanto tempo os joelhos vão suportar todos estes impactos
Há tantos arremessos, encontros, chutes, medidas
E coisas sem sentido que me compõem, habitam os passos e os intestinos
Há ainda muito a fazer


Escutar cantores populares que vêem deuses todo santo dia, ou comem pentes, ou decifram o Mistério das pirâmides, a configuração das estrelas
Não para tentar responder ao tablóide inglês qual o sentido da vida


Pois essa é mais uma coisa que você pode perguntar ao primeiro cachorro na rua que ele vai lhe dizer.





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