Todas as nuances da existência humana [ da genialidade à estupidez ]e os Pensamentos de André
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Montevideo - O Museu
Construido por la compañía de fabricacion de pianos Playel de Paris. Presenta la tapa y los laterales pintados al verníz Martín con motivos alusivos a Luis XIV. Sobre la cara interna de la tapa está pintada la cabeza de Apolo rodeada de Rayos. Fue adquirido por la familia Ortiz de Taranco al rededor de 1920 y posteriormente donado al Estado en 1943. Durante más de 40 años permaneció en la residencia Presidencial de Suaréz y Reyes. Fue devuelto ao museo en Mayo de 2005. (Playel se tornou famosa por fabricar pianos para Chopin).
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Um pobre ser mortal!
FAUSTO
Que sou eu, se não posso alcançar, afinal,
A coroa com louros da nossa humanidade,
A que todos almejam com tanta ansiedade?
MEFISTÓFELES
Não és mais, meu senhor, do que és: um mortal!
Perucas podes ter, com louros aos milhões.
Alçar-te com teus pés nos mais altos tacões,
Serás sempre o que és: um pobre ser mortal!
(FAUSTO - GOETHE)
Useless Landscape (Inutil Paisagem) .
Pelo talento, pela estética, pela honestidade com a arte.
Alguma coisa acontece na minha alma, quando ouço Esperança Spalding.
Alguma coisa acontece na minha alma, quando ouço Esperança Spalding.
Nova descoberta: Gretchen Parlato.
Duas monstriosidade, Juntas Cantando.
Useless Landscape (Inutil Paisagem)", de Tom Jobim.
A primeira vez que conheci essa música foi na voz de Kurt Elling.
Numa versäo bem interessante, com o detalhe do violäo em bossa, os floreiros da gaita.
Ele faz uma mistura de Useless Landscape com Change Partners.
Já as duas "divindades", fazem uma brincadeira de uma segurar a base fazendo perfeitos harpejos enquanto a outra faz a melodia, depois invertem os papéis, com o detalhe de que a Esperança faz tudo isso tocando o baixo. Poucos sabem o quäo isso é difícil. Quase impossível e por isso Perfeito.
A primeira vez que conheci essa música foi na voz de Kurt Elling.
Numa versäo bem interessante, com o detalhe do violäo em bossa, os floreiros da gaita.
Ele faz uma mistura de Useless Landscape com Change Partners.
Já as duas "divindades", fazem uma brincadeira de uma segurar a base fazendo perfeitos harpejos enquanto a outra faz a melodia, depois invertem os papéis, com o detalhe de que a Esperança faz tudo isso tocando o baixo. Poucos sabem o quäo isso é difícil. Quase impossível e por isso Perfeito.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Uruguai - Montevideo - As Pessoas
Eu disse ao amigo Gabriel Monteverde:
Andando a procura de um antiquario, acabei encontranto Jaroslav Mazura, uma destinta senhora de uma bonita alma jovem. Falava bem o portugues, pois se gabava por ter estudado numa universidade brasileira no Uruguai. Tecendo elogios ao nosso pais ela se revela feliz por saber que sou músico e näo hesita em recitar seus textos decorados, desde a época que costumava atuar no teatro. Saudosista e sorridente ela promete me trazer as peças que eu procuro, mas antes, ela fala da música que tocava em sua cena, algumas decadas atrás.
- Funeral del Labrador, de Chico Buarque, ? tu conoces?
Peguei o papel a caneta anotei, sabendo que cada encontro sempre quero beber cada gota de acaso ou de destino.
Jamais me esquecerei que essa música de Chico eu conheci com Senhora Jaroslav Mazura no seu antiquário em Montevideo, Uruguai.
Seja pela melodia, pela poesia (para ele indissociável da música), pela dramaturgia, pela literatura, seja por todas as linguagens estéticas de que se serviu, encontramos a indignação e a reação do homem-artista que, como ele mesmo acrescenta: “o bom cabrito berra”.
Isto é patente. Basta percebermos o trânsito de excluídos que sempre estiveram presentes na obra de Chico Buarque (muito antes da Ditadura e mesmo depois dela). Talvez, seja um sinal indiscutível desta sua indignação frente às mazelas humanas, a sua voz: “Eu falava através de personagens, enxergava através de outros olhos”
Daí dar a palavra aos sujeitos desprezados pela sociedade que transitam pelo cancioneiro buarquiano, como o pedreiro de Construção, os marginalizados de O que Será, o camponês de Funeral de um Lavrador, o brejeiro de Vai Trabalhar Vagabundo, o operário em Samba e Amor, o expatriado em Sabiá, o plebeu em Gente Humilde, o garoto de rua em Pivete, os sem-terras em Assentamento e, recentemente, a emigrante em Iracema Voou.
- Cheguei 10 minutos atrasado, perdi a donzela e perdi o instrumento. O bom moço chegou primeiro, comprou o instrumento e levou a moça que estava la, acabara de conhece-lo.
Gabriel veio e disse um verso de Martin Fierro (poeta gauchesco), onde diz que se o oponente te desafia a pelejar e vir a sair melhor do que voce, entao tire o chapeu. (Alguma coisa assim, vou pesquisar e achar o poema).
Nessa mesma tarde fui ate um sebo e achei um livro de Martin Fierro, tambem encomendei o instrumento que fica pronto nessa semana. So me faltou a donzela.
Atelie de Gabriel Monteverde/ esculturas artisticas musicais, construcao de instrumentos e muito conhecimento historico cultural.
Andando a procura de um antiquario, acabei encontranto Jaroslav Mazura, uma destinta senhora de uma bonita alma jovem. Falava bem o portugues, pois se gabava por ter estudado numa universidade brasileira no Uruguai. Tecendo elogios ao nosso pais ela se revela feliz por saber que sou músico e näo hesita em recitar seus textos decorados, desde a época que costumava atuar no teatro. Saudosista e sorridente ela promete me trazer as peças que eu procuro, mas antes, ela fala da música que tocava em sua cena, algumas decadas atrás.
- Funeral del Labrador, de Chico Buarque, ? tu conoces?
Peguei o papel a caneta anotei, sabendo que cada encontro sempre quero beber cada gota de acaso ou de destino.
Jamais me esquecerei que essa música de Chico eu conheci com Senhora Jaroslav Mazura no seu antiquário em Montevideo, Uruguai.
Sobre dar voz as historias de pessoas desconhecidas.
Seja pela melodia, pela poesia (para ele indissociável da música), pela dramaturgia, pela literatura, seja por todas as linguagens estéticas de que se serviu, encontramos a indignação e a reação do homem-artista que, como ele mesmo acrescenta: “o bom cabrito berra”.
Isto é patente. Basta percebermos o trânsito de excluídos que sempre estiveram presentes na obra de Chico Buarque (muito antes da Ditadura e mesmo depois dela). Talvez, seja um sinal indiscutível desta sua indignação frente às mazelas humanas, a sua voz: “Eu falava através de personagens, enxergava através de outros olhos”
Daí dar a palavra aos sujeitos desprezados pela sociedade que transitam pelo cancioneiro buarquiano, como o pedreiro de Construção, os marginalizados de O que Será, o camponês de Funeral de um Lavrador, o brejeiro de Vai Trabalhar Vagabundo, o operário em Samba e Amor, o expatriado em Sabiá, o plebeu em Gente Humilde, o garoto de rua em Pivete, os sem-terras em Assentamento e, recentemente, a emigrante em Iracema Voou.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
“Bagong Silang”
Parte do documentário “Bagong Silang” dirigido por Zena Merton, foi publicado pelo diretor de fotografia Stefan Werc. com essas imagens ele criou um extraordinário mini documentário “Above and Below” sobre a capital das Filipinas, Manila, uma das maiores cidades do mundo e que já atingiu a superpopulação.
Em Manila existe o cemitério Navotas que abriga mais de duas mil famílias, vivendo entre os mortos. Todos os dias nascem e são enterrados os habitantes do cemitério. Onde de uma forma poética, a vida para eles incia e termina no mesmo lugar.
Em Manila existe o cemitério Navotas que abriga mais de duas mil famílias, vivendo entre os mortos. Todos os dias nascem e são enterrados os habitantes do cemitério. Onde de uma forma poética, a vida para eles incia e termina no mesmo lugar.
Tenho convivido com muito filipinos, aqui no Navio eles sao maioria, acho que em todos os navios do mundo. A maioria do "Hard Work" e feita por eles. Mas muitos deles seguem carreira e chegam a 3 stripes de oficial.
Câmera:Canon 7D
O Link Completo Sobre.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Costa Concordia / Acontece sim.
Acidente sofrido na madrugada deste sábado por um cruzeiro com 4.229 pessoas Na Ilha italiana de Giglio trajo.
Ao que parece o navio deveria estar a 9kl de distancia da ilha, mas estava a 1kl. O capitao tentou fugir mas acabou preso.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Uruguai - Montevideo - A cidade
Estou me acostumando a me separar da turma!
Quando estou sem a máquina tudo bem, vamos todos juntos, circulando, percorrendo, investigando o perímetro. Mas se estou com a máquina, acabou, vou no meu ritmo.
Na primeira parada pra fotografar, já me separei!!! O engraçado é que sempre acabo encontrando parte do grupo novamente!
O Uruguai é um país de colonizaçäo espanhola, tudo aqui cheira a antigo, as contruçöes, os carros, a arte, o povo. Nessa tarde eu me deixei levar e acabei por conhecer lugares maravilhosos, e algumas figuras esquisitas!
M O N T E V I D E O - U R U G U A I
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Natal - Nina Horta
NATAL
Não tem maior pavor do que ter que escrever sobre o Natal, ano após ano. Aliás, escrever sobre ele não tem problema, ver como a vida nos mudou é que dói. Porque os natais antigos, quando você ganhava o boneco e o carrinho de lata, mais tarde quando escondia os presentes para aquela meninada, era tudo de bom. Qualquer coisa tomava proporções de mágica, de sinos, de presepes fundadores, de água fresca, de comida boa, de alegria destemperada. O peru era vivo e cambaleante, os outros cheiros também embebedavam, adquiria-se uma perspectiva feliz em torno da família. Uma enfeitação que não tinha fim, árvore, bola, anjo, crianças representando autos de natal...
Aos poucos a cena vai mudando como naqueles palcos que rodam devagar e de repente você está sozinho ali no meio rezando por uma praia distante, da qual Papai Noel não conheça o endereço, sem GPS para as renas. Bom, a família próxima pode ir, mas muitas vezes ela já se adiantou e chegou primeiro ao deserto de Atacama.
E Jesus, como fica? É chato falar, mas perdeu a partida do consumo. Ele próprio deve andar evitando a data. Foge no dia.
E começa-se a tentar novos Natais. O da praia deserta é o primeiro, e a decepção a maior de todas. Muitos mosquitos, solidão total, medo de assalto, e conversas sem parar por Skipe com a família inteira o que o faz sentir meio bocó de se afastar de tudo para depois comemorar virtualmente.
Fingir que a data não existe e ficar na cama assistindo TV. Hooooje é o novo dia..... Quem é aquela que aparece logo no comecinho atrás de uma porta? E como o Juca de Oliveira está bem!Aquela morena da novela exagerou na cantoria e na alegria, pensou que era escola de samba.. E como são distribuídos os lugares? Quem fica lá atrás se chateia? Será que é por sorteio? Não é, a Débora Secco está logo na frente, não vi a Juliana Paes. Puxa, mas o Bonner dá um carteiro e tanto, jeitoso!
Ah, viajar naquele avião vazio, justo no dia de Natal, fuga impensada em tempos passados. Que avião vazio? É o dia mais cheio do ano! Todos descobriram o golpe.
Então, tá. Ficar em casa, fazer a comida tradicional da família, sentir saudade do bacalhau da mãe, tentar uma imitação que não chega aos pés porque não é o bacalhau da mãe, escolher uma comida bem fácil de se fazer na hora, porque tradição é igual telhado de Paraty, em menos de quatro anos adquire patina, musgo, e antiguidade. Três anos seguidos de camarão a provençal fazem dele um clássico brasileiro de primeira.
Quanto a presentes não dá mais tempo, bastava uma graça qualquer, um carinho, um modo de mostrar que você conhece bem o outro, que nada melhor para agradá-lo do que um caderno de folhas brancas e um lápis. Uma foto antiga do filho para a sua nora, mas não. Fazemos questão de não ter tempo, nem amor, nem tolerância, só cansaço. Vamos lá, quem sabe o palco roda de novo?
Hooooje é um novo dia, de um novo tempo que começou. Nesses novos dias, as alegrias serão de todos... É só querer, todos os nossos sonhos serão verdade...o futuro já começou. Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier...
(Nina Horta).
Não tem maior pavor do que ter que escrever sobre o Natal, ano após ano. Aliás, escrever sobre ele não tem problema, ver como a vida nos mudou é que dói. Porque os natais antigos, quando você ganhava o boneco e o carrinho de lata, mais tarde quando escondia os presentes para aquela meninada, era tudo de bom. Qualquer coisa tomava proporções de mágica, de sinos, de presepes fundadores, de água fresca, de comida boa, de alegria destemperada. O peru era vivo e cambaleante, os outros cheiros também embebedavam, adquiria-se uma perspectiva feliz em torno da família. Uma enfeitação que não tinha fim, árvore, bola, anjo, crianças representando autos de natal...
Aos poucos a cena vai mudando como naqueles palcos que rodam devagar e de repente você está sozinho ali no meio rezando por uma praia distante, da qual Papai Noel não conheça o endereço, sem GPS para as renas. Bom, a família próxima pode ir, mas muitas vezes ela já se adiantou e chegou primeiro ao deserto de Atacama.
E Jesus, como fica? É chato falar, mas perdeu a partida do consumo. Ele próprio deve andar evitando a data. Foge no dia.
E começa-se a tentar novos Natais. O da praia deserta é o primeiro, e a decepção a maior de todas. Muitos mosquitos, solidão total, medo de assalto, e conversas sem parar por Skipe com a família inteira o que o faz sentir meio bocó de se afastar de tudo para depois comemorar virtualmente.
Fingir que a data não existe e ficar na cama assistindo TV. Hooooje é o novo dia..... Quem é aquela que aparece logo no comecinho atrás de uma porta? E como o Juca de Oliveira está bem!Aquela morena da novela exagerou na cantoria e na alegria, pensou que era escola de samba.. E como são distribuídos os lugares? Quem fica lá atrás se chateia? Será que é por sorteio? Não é, a Débora Secco está logo na frente, não vi a Juliana Paes. Puxa, mas o Bonner dá um carteiro e tanto, jeitoso!
Ah, viajar naquele avião vazio, justo no dia de Natal, fuga impensada em tempos passados. Que avião vazio? É o dia mais cheio do ano! Todos descobriram o golpe.
Então, tá. Ficar em casa, fazer a comida tradicional da família, sentir saudade do bacalhau da mãe, tentar uma imitação que não chega aos pés porque não é o bacalhau da mãe, escolher uma comida bem fácil de se fazer na hora, porque tradição é igual telhado de Paraty, em menos de quatro anos adquire patina, musgo, e antiguidade. Três anos seguidos de camarão a provençal fazem dele um clássico brasileiro de primeira.
Quanto a presentes não dá mais tempo, bastava uma graça qualquer, um carinho, um modo de mostrar que você conhece bem o outro, que nada melhor para agradá-lo do que um caderno de folhas brancas e um lápis. Uma foto antiga do filho para a sua nora, mas não. Fazemos questão de não ter tempo, nem amor, nem tolerância, só cansaço. Vamos lá, quem sabe o palco roda de novo?
Hooooje é um novo dia, de um novo tempo que começou. Nesses novos dias, as alegrias serão de todos... É só querer, todos os nossos sonhos serão verdade...o futuro já começou. Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier...
(Nina Horta).
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Um Tango, Um Jazz
Buenos Aires 03/01/12.
Hoje andando pela metrópole de 3 milhöes de pessoas! Repetidamente me impunha o disco de um dos melhores guitarristas de jazz da atualidade, (um completo desconhecido para mim, até esses dias) quando eu gosto eu tenho gula! Estou ouvindo o disco enquanto escrevo nesse momento - ainda). Lage Lung, sei pouco sobre o cabra, mas sei que quero me tornar um.
As vezes ouço tanto, como se a linguagem fraseológica fosse incorporar em mim por simplesmente insistir em ouvir repetidamente. As vezes tenho raiva do "bit" da maturidade. Näo importa o quanto você se dedique, a maturidade é o ruminar das horas, dos dias e anos de depósito. Onde a técnica esbarra no no germinar do conceito, ela impöe seu próprio ritmo. Assim como uma árvore näo cresce mais rápido só porque você rega mais vezes. Mais fica sem regar pra ver.
Voltando a metrópole, vim reparando que em todo grande centro urbano o cenário se repete: Monumentos, obeliscos, vastas praças arborizadas, säo co-habitadas de pombas sujas, junquies e nóias, vendedores de informaçöes turísticas. O mundo em sua maioria é feito de gente näo bela e näo rica, uma massa que se agita, a sair do trabalho suado.
Vejo sacolas plásticas, trazendo o uniforme talvez, ou apenas uma peça de roupa pra criança ... näo importa, essa turbina desmotivada de "beleza-fake-plástica" do mundo é mais pulsante e sempre será, o calçadäo chamado "Florida" ,daqui de Buenos Aires que o diga.
É o desdentado tecendo suas pulseiras de artesanato, é a mulher que tem os pés invertido, quase que nem anda, säo os que tentam sobreviver das intençöes dos que passam, da agitaçäo, do volume. Estäo sempre a observar o movimento, como sempre soubessem (melhor do que você) o próximo passo a seguir, estäo sempre preparados a te dizer com total segurança: - você quer sim almoçar aqui! - Você quer sim uma prostituta, ou ainda, - olhe só esses lindos dinossauros feito de arame.
Esses contrastes dividem a minha atençäo da parte bela da cidade, pensei estar na Sé por um instante, Näo apenas pelo cheiro de urina e o chäo grudento do centräo, mas porque 5 minutos de metrô muda tudo (assim como da Sé pro Jardins), avenidas largas, arranha-céu, a cidade fica um pouco mais arborizada, as lojas mais sofisticadas, pessoas mais descoladas, um penteado "cool" ali, um corte de terno mais atual acola, e logo me sinto na Europa da sul- América novamente! Näo importa metrópole é quase sempre igual. Gente que é, ilhada pelo turbilhäo de quem näo é, e nunca será.Já pensei que se todo mundo fosse logo todo feio näo haveria especulaçäo exagerada em torno disso, e principalmente, näo haveria "Malhaçäo" e "Maria do Bairro", onde a cidade toda é de gente guapa e desinibida. Exatamente igual a realidade!!! Rsss.
Mas também näo haveria Jeniffer Aniston e nem Evangeline Lilly! Ai, fico confuso e prefiro deixar assim mesmo.
Meu papel dentro desse palco?
Observar, registrar, perceber, diluir sentimentos, imprimir as minhas impressöes e expressöes.
As vezes o tédio do sujo, as vezes o asco do limpo.
Sim, sim, sofisticar é preciso, hotel caro sempre será bem-vindo, mas dormir numa barraca no quintal de alguma república pode ser täo interessante quanto. Me admira os mochileiros, parece que essa "alegria de turista" neles é sempre sabotada pelo sentimento de perceber, percorrer.
Por hora admiro o encantado mundo das pulsaçöes diferentes. Porque sempre há a pulsaçäo, ela esta sempre em algum lugar esperando ser notada, buscando por olhos que as enxerguem no meio de toda dessa confusäo, caminha transvalorada em qualquer terreno, sujo, limpo, belo ou feio, rico ou pobre. Tal como uma escala "out side" tem todo o direito de näo fazer juz da harmonia em questäo, e ainda sim soar muito belo aos ouvidos ...
Tudo isso me soa dissonante, comparado a tríade natural de um acorde simples que é o puro escorrer das horas.
O jazz de noite, e o rock de madrugada costumam me esvaziar de tudo que a cidade imprimiu de dia, assim o dia seguinte está limpo para novas pulsaçöes.
domingo, 1 de janeiro de 2012
Licença Para Gostar. (Marta Goes)
Acho esse texto fantástico, e por acaso achei ele na net. Entäo faço dele meu mantra do "Brand New Year".
Um amigo malicioso jura ter visto na estréia de um espetáculo moderníssimo, no saudoso Carlton Dance Festival, um jornalista influente perguntar com alguma ansiedade a sua editora, sentada na fileira em frente: “Nós estamos gostando?”. A história fazia parte do folclore das redações, nos anos 90. Acreditava-se, ingenuamente, que o mecanismo de copiar-impor opinião era a caricatura perfeita daqueles dois. Mas a piada nada tinha de exclusiva, dura até hoje e funciona bem em todos os territórios porque reproduz uma situação universal. Com olhos mais cínicos — ou apenas mais bem treinados —, pergunta-se hoje, casualmente, “nós somos a favor?”. Seja de transgênicos, de Paulo Coelho, de Big Brother ou de qualquer desses temas que dividem opiniões. É a senha para indicar que se pretende adotar, por conveniência, uma postura, ou melhor, impostura, que facilite a vida naquela circunstância. Gostar errado pode arranhar a imagem e reavivar atritos desnecessários.
O que parecia uma “inside joke”, ou brincadeira de turma, desdobrou-se em muitas versões: além do absurdo “estamos gostando?”, pergunta-se se temos licença para gostar, se somos contra ou a favor de alguma causa ou, mais explicitamente, se devemos gostar de alguma coisa. Qualquer que seja o enunciado, a brincadeira é saudável. Deixa aparentes as pequenas ditaduras do bom gosto e a complementar subserviência.
Cada um de nós conhece pelo menos uma dezena de pessoas que, neste exato momento, não está lendo livro nenhum. Conhecemos também gente que só lê se for indispensável. E, no entanto, nas seções O Que Você Está Lendo? não há entrevistado que não tenha livro de cabeceira, clássico predileto, pacote para ilha deserta e que não esteja lendo três ou quatro títulos naquela semana. Por escrito, nunca vi alguém afirmar que não leu Euclides da Cunha, que não conseguiu gostar de Proust, que tem medo de filme iraniano, que não tem intimidade com música clássica, que acha Kazuo Ohno meio esquisito e John Cage chato, que gostaria que as obras das bienais tivessem legendas explicativas, que desejou que o último espetáculo de Pina Bausch tivesse meia hora a menos…
Finlandeses e argentinos
Os códigos são conhecidos. Trata-se de não destoar. O clichê das pessoas que lêem Caras “no cabeleireiro” e que viram cenas da novela das seis “por acaso, quando estavam passando pela sala” é apenas a ponta mais visível desse iceberg. A maioria esconde suas preferências com medo da maldição. Se a lista não tiver mudado, é permitido gostar, por enquanto, de jardins minimalistas, de casas clean, de mulheres magras, de sabores exóticos, de exercício físico, de cabelos lisos, de sandálias havaianas. Pelo menos enquanto elas forem vistas em lugares caros (como informar, com uma sandália baratinha, que você tem dinheiro? E sem dinheiro, vai ser difícil saber se podem gostar de você).
No mundo da cultura, pode-se gostar de tudo, desde que já tenha sido aprovado anteriormente. Por isso, queixa-se uma amiga editora, é mil vezes mais fácil lançar um autor estrangeiro traduzido, que já vem com seu clipping repleto de autorizações para gostar, do que um escritor nacional novo. Desconhecidos necessitam de alguma chancela — um admirador famoso, uma boa crítica, de preferência no exterior. Mas, por uma estranha razão, desconhecidos estrangeiros têm precedência sobre desconhecidos nacionais, assim como estrangeiros do Hemisfério Norte passam na frente dos do Hemisfério Sul.
Por isso, uma banda finlandesa ganha mais facilmente a capa dos nossos segundos cadernos do que uma argentina. Bandas finlandesas — e certas críticas de artes plásticas — servem, provavelmente, para sugerir um mundo cult ao qual só têm acesso um punhado de felizardos e o autor do texto. O consolo é que ao contrário das críticas incompreensíveis, que permanecem para sempre incompreensíveis, as listas do que se deve gostar estão sempre mudando, e certas obras, inicialmente repudiadas, conquistam com o passar do tempo o direito à admiração. Na época em que se devia gostar de Portinari, ele decretou que os móbiles de Alexander Calder eram apenas brinquedos, e não arte. Portinari não foi feliz, mas pelo menos tinha licença para não gostar de uma obra tão venerada.
Calder, é claro, não precisava de mais admiradores, mas os marginais do bom gosto dependem do apoio de nomes de peso para sair do exílio, ainda que momentaneamente. É preciso ser Caetano Veloso para tirar Odair José desse lugar; é preciso ser Diogo Vilela e lotar teatros para que o grande público se sinta autorizado a orgulhar-se de Cauby Peixoto, e perceba que um musical sobre sua vida faz muito mais sentido aqui do que a Bela, a Fera e o Fantasma da Ópera juntos. Também os esquecidos precisam, uma vez ou outra, de alguém confiável que garanta que podemos gostar deles sem risco de parecer antiquados. Quando Marília Pêra debruçou-se sobre Ary Barroso e descongelou seu tesouro, muita gente já estava quase perdendo a licença de admirá-lo.
Simples ou simplório
Na hierarquia do que é permitido gostar, a simplicidade é alvo de grandes desconfianças. Clareza, precisão, começo, meio e fim podem ser confundidos com pobreza e obviedade. A exemplo dos críticos crípticos, admira-se o enigma, mais do que a compreensão. Intrigar vale mais do que comover. Pelo menos até que uma história simples e bem contada, como, recentemente, a do filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, nos faça lembrar que em algum lugar recôndito somos ainda verdadeiros e reagimos sem instruções.
A necessidade de permissão para gostar acontece em todas as áreas. Na gastronomia, franziram o nariz para a opulência da velha cozinha quando surgiram as combinações surpreendentes e frugais de outra mais recente, a nouvelle, de cujas virtudes se desconfiou diante da pureza dos produtos orgânicos, que pareceram ingênuos, se comparados a novas delícias, em forma de flor, de nuvem, de bolha de sabão. Como se sabe, a fila dos gourmets anda depressa, e é desejável que seja assim — desde que ninguém tenha vergonha de pedir feijoada nem se sinta obrigado a engolir poções misteriosas só para parecer up-to-date. Como escreveu Nina Horta num de seus artigos, “é bom que exista de tudo, mas podem deixar que a gente mesmo escolhe”. Essa reivindicação devia ser repetida como um mantra, não apenas para a gastronomia, mas para a vida.
Não há nada de nostálgico nessas considerações. Nunca existiu a época em que cada um consultava apenas a si mesmo para aprovar ou reprovar o mundo à sua volta. Por canais mais sutis e aparentemente casuais, os códigos do gosto sempre se fizeram obedecer. O que há de novo são mecanismos aperfeiçoados de dominação. Três listras paralelas querem dizer Adidas e isso é tudo o que uma multidão de consumidores necessita para saber se pode ou não achar bonito um tênis. O que há de velho é o desejo de dominar e a pressa em concordar com o mais forte.
E o que há de animador: de vez em quando alguém se rebela, rompe a rede sutil de licenças e proibições e inaugura seu próprio código. Pode ser considerado louco ou, eventualmente, um gênio. Problema dos outros decidir se vão ter licença para gostar. De ler.”
(Texto da jornalista Marta Góes a revista Bravo, achei na integra)
Um amigo malicioso jura ter visto na estréia de um espetáculo moderníssimo, no saudoso Carlton Dance Festival, um jornalista influente perguntar com alguma ansiedade a sua editora, sentada na fileira em frente: “Nós estamos gostando?”. A história fazia parte do folclore das redações, nos anos 90. Acreditava-se, ingenuamente, que o mecanismo de copiar-impor opinião era a caricatura perfeita daqueles dois. Mas a piada nada tinha de exclusiva, dura até hoje e funciona bem em todos os territórios porque reproduz uma situação universal. Com olhos mais cínicos — ou apenas mais bem treinados —, pergunta-se hoje, casualmente, “nós somos a favor?”. Seja de transgênicos, de Paulo Coelho, de Big Brother ou de qualquer desses temas que dividem opiniões. É a senha para indicar que se pretende adotar, por conveniência, uma postura, ou melhor, impostura, que facilite a vida naquela circunstância. Gostar errado pode arranhar a imagem e reavivar atritos desnecessários.
O que parecia uma “inside joke”, ou brincadeira de turma, desdobrou-se em muitas versões: além do absurdo “estamos gostando?”, pergunta-se se temos licença para gostar, se somos contra ou a favor de alguma causa ou, mais explicitamente, se devemos gostar de alguma coisa. Qualquer que seja o enunciado, a brincadeira é saudável. Deixa aparentes as pequenas ditaduras do bom gosto e a complementar subserviência.
Cada um de nós conhece pelo menos uma dezena de pessoas que, neste exato momento, não está lendo livro nenhum. Conhecemos também gente que só lê se for indispensável. E, no entanto, nas seções O Que Você Está Lendo? não há entrevistado que não tenha livro de cabeceira, clássico predileto, pacote para ilha deserta e que não esteja lendo três ou quatro títulos naquela semana. Por escrito, nunca vi alguém afirmar que não leu Euclides da Cunha, que não conseguiu gostar de Proust, que tem medo de filme iraniano, que não tem intimidade com música clássica, que acha Kazuo Ohno meio esquisito e John Cage chato, que gostaria que as obras das bienais tivessem legendas explicativas, que desejou que o último espetáculo de Pina Bausch tivesse meia hora a menos…
Finlandeses e argentinos
Os códigos são conhecidos. Trata-se de não destoar. O clichê das pessoas que lêem Caras “no cabeleireiro” e que viram cenas da novela das seis “por acaso, quando estavam passando pela sala” é apenas a ponta mais visível desse iceberg. A maioria esconde suas preferências com medo da maldição. Se a lista não tiver mudado, é permitido gostar, por enquanto, de jardins minimalistas, de casas clean, de mulheres magras, de sabores exóticos, de exercício físico, de cabelos lisos, de sandálias havaianas. Pelo menos enquanto elas forem vistas em lugares caros (como informar, com uma sandália baratinha, que você tem dinheiro? E sem dinheiro, vai ser difícil saber se podem gostar de você).
No mundo da cultura, pode-se gostar de tudo, desde que já tenha sido aprovado anteriormente. Por isso, queixa-se uma amiga editora, é mil vezes mais fácil lançar um autor estrangeiro traduzido, que já vem com seu clipping repleto de autorizações para gostar, do que um escritor nacional novo. Desconhecidos necessitam de alguma chancela — um admirador famoso, uma boa crítica, de preferência no exterior. Mas, por uma estranha razão, desconhecidos estrangeiros têm precedência sobre desconhecidos nacionais, assim como estrangeiros do Hemisfério Norte passam na frente dos do Hemisfério Sul.
Por isso, uma banda finlandesa ganha mais facilmente a capa dos nossos segundos cadernos do que uma argentina. Bandas finlandesas — e certas críticas de artes plásticas — servem, provavelmente, para sugerir um mundo cult ao qual só têm acesso um punhado de felizardos e o autor do texto. O consolo é que ao contrário das críticas incompreensíveis, que permanecem para sempre incompreensíveis, as listas do que se deve gostar estão sempre mudando, e certas obras, inicialmente repudiadas, conquistam com o passar do tempo o direito à admiração. Na época em que se devia gostar de Portinari, ele decretou que os móbiles de Alexander Calder eram apenas brinquedos, e não arte. Portinari não foi feliz, mas pelo menos tinha licença para não gostar de uma obra tão venerada.
Calder, é claro, não precisava de mais admiradores, mas os marginais do bom gosto dependem do apoio de nomes de peso para sair do exílio, ainda que momentaneamente. É preciso ser Caetano Veloso para tirar Odair José desse lugar; é preciso ser Diogo Vilela e lotar teatros para que o grande público se sinta autorizado a orgulhar-se de Cauby Peixoto, e perceba que um musical sobre sua vida faz muito mais sentido aqui do que a Bela, a Fera e o Fantasma da Ópera juntos. Também os esquecidos precisam, uma vez ou outra, de alguém confiável que garanta que podemos gostar deles sem risco de parecer antiquados. Quando Marília Pêra debruçou-se sobre Ary Barroso e descongelou seu tesouro, muita gente já estava quase perdendo a licença de admirá-lo.
Simples ou simplório
Na hierarquia do que é permitido gostar, a simplicidade é alvo de grandes desconfianças. Clareza, precisão, começo, meio e fim podem ser confundidos com pobreza e obviedade. A exemplo dos críticos crípticos, admira-se o enigma, mais do que a compreensão. Intrigar vale mais do que comover. Pelo menos até que uma história simples e bem contada, como, recentemente, a do filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, nos faça lembrar que em algum lugar recôndito somos ainda verdadeiros e reagimos sem instruções.
A necessidade de permissão para gostar acontece em todas as áreas. Na gastronomia, franziram o nariz para a opulência da velha cozinha quando surgiram as combinações surpreendentes e frugais de outra mais recente, a nouvelle, de cujas virtudes se desconfiou diante da pureza dos produtos orgânicos, que pareceram ingênuos, se comparados a novas delícias, em forma de flor, de nuvem, de bolha de sabão. Como se sabe, a fila dos gourmets anda depressa, e é desejável que seja assim — desde que ninguém tenha vergonha de pedir feijoada nem se sinta obrigado a engolir poções misteriosas só para parecer up-to-date. Como escreveu Nina Horta num de seus artigos, “é bom que exista de tudo, mas podem deixar que a gente mesmo escolhe”. Essa reivindicação devia ser repetida como um mantra, não apenas para a gastronomia, mas para a vida.
Não há nada de nostálgico nessas considerações. Nunca existiu a época em que cada um consultava apenas a si mesmo para aprovar ou reprovar o mundo à sua volta. Por canais mais sutis e aparentemente casuais, os códigos do gosto sempre se fizeram obedecer. O que há de novo são mecanismos aperfeiçoados de dominação. Três listras paralelas querem dizer Adidas e isso é tudo o que uma multidão de consumidores necessita para saber se pode ou não achar bonito um tênis. O que há de velho é o desejo de dominar e a pressa em concordar com o mais forte.
E o que há de animador: de vez em quando alguém se rebela, rompe a rede sutil de licenças e proibições e inaugura seu próprio código. Pode ser considerado louco ou, eventualmente, um gênio. Problema dos outros decidir se vão ter licença para gostar. De ler.”
(Texto da jornalista Marta Góes a revista Bravo, achei na integra)
Assinar:
Postagens (Atom)
Marcadores
Contador
Seguidores
Minha lista de blogs
-
-
-
EU E ELAHá 10 anos
-
Futurologia - correçãoHá 10 anos
-
-
2011 com 10!!!Há 13 anos
-
-
-
Mary e MaxHá 15 anos
-
-
-
-
-
-