segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Um Tango, Um Jazz




Buenos Aires 03/01/12.

Hoje andando pela metrópole de 3 milhöes de pessoas! Repetidamente me impunha o disco de um dos melhores guitarristas de jazz da atualidade, (um completo desconhecido para mim, até esses dias)  quando eu gosto eu tenho gula! Estou ouvindo o disco enquanto escrevo nesse momento - ainda). Lage Lung, sei pouco sobre o cabra, mas sei que quero me tornar um.
  As vezes ouço tanto, como se a linguagem fraseológica fosse incorporar em mim por simplesmente insistir em ouvir repetidamente. As vezes tenho raiva do "bit" da maturidade. Näo importa o quanto você se dedique, a maturidade é o ruminar das horas, dos dias e anos de depósito. Onde a técnica esbarra no no germinar do conceito, ela impöe seu próprio ritmo. Assim como uma árvore näo cresce mais rápido só porque você rega mais vezes. Mais fica sem regar pra ver.

  Voltando a metrópole, vim reparando que em todo grande centro urbano o cenário se repete: Monumentos, obeliscos, vastas praças arborizadas, säo co-habitadas de pombas sujas, junquies e nóias, vendedores de informaçöes turísticas. O mundo em sua maioria é feito de gente näo bela e näo rica, uma massa que se agita, a sair do trabalho suado.
 Vejo sacolas plásticas, trazendo o uniforme talvez, ou apenas uma peça de roupa pra criança ... näo importa, essa turbina desmotivada de "beleza-fake-plástica" do mundo é mais pulsante e sempre será, o  calçadäo chamado "Florida" ,daqui de Buenos Aires que o diga.
 É o desdentado tecendo suas pulseiras de artesanato, é a mulher que tem os pés invertido, quase que nem anda, säo os que tentam sobreviver das intençöes dos que passam, da agitaçäo, do volume. Estäo sempre a observar o movimento, como sempre soubessem (melhor do que você) o próximo passo a seguir, estäo sempre preparados a te dizer com total segurança: - você quer sim almoçar aqui!   - Você quer sim uma prostituta, ou ainda, - olhe só esses lindos dinossauros feito de arame.

   
Esses contrastes dividem a minha atençäo da parte bela da cidade, pensei estar na Sé por um instante, Näo apenas pelo cheiro de urina e o chäo grudento do centräo, mas porque 5 minutos de metrô muda tudo (assim como da Sé pro Jardins), avenidas largas, arranha-céu, a cidade fica um pouco mais arborizada, as lojas mais sofisticadas, pessoas mais descoladas, um penteado "cool" ali, um corte de terno mais atual acola, e logo me sinto na Europa da sul- América novamente! Näo importa metrópole é quase sempre igual. Gente que é, ilhada pelo turbilhäo de quem näo é, e nunca será.Já pensei que se todo mundo fosse logo todo feio näo haveria especulaçäo exagerada em torno disso, e principalmente, näo haveria "Malhaçäo" e "Maria do Bairro", onde a cidade toda é de gente guapa e desinibida. Exatamente igual a realidade!!! Rsss.
 Mas também näo haveria Jeniffer Aniston e nem Evangeline Lilly! Ai, fico confuso e prefiro deixar assim mesmo.


Meu papel dentro desse palco?
Observar, registrar, perceber, diluir sentimentos, imprimir as minhas impressöes e expressöes.
 
As vezes o tédio do sujo, as vezes o asco do limpo.
   Sim, sim, sofisticar é preciso, hotel caro sempre será bem-vindo,  mas dormir numa barraca no quintal de alguma república pode ser täo interessante quanto. Me admira os mochileiros, parece que essa "alegria de turista" neles  é sempre sabotada pelo sentimento de perceber, percorrer.
    Por hora admiro o encantado mundo das pulsaçöes diferentes. Porque sempre há a pulsaçäo, ela esta sempre em algum lugar esperando ser notada, buscando por olhos que as enxerguem no meio de toda dessa confusäo, caminha transvalorada em qualquer terreno, sujo, limpo, belo ou feio, rico ou pobre. Tal como uma escala "out side" tem todo o direito de näo fazer juz da harmonia em questäo, e ainda sim soar muito belo aos ouvidos ...
 Tudo isso me soa dissonante, comparado a tríade natural de um acorde simples que é o puro escorrer das horas.

O jazz de noite, e o rock de madrugada costumam me esvaziar de tudo que a cidade imprimiu de dia, assim o dia seguinte está limpo para novas pulsaçöes.

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