Acordo e durmo debaixo da pele, sobre a crosta da terra, com camadas de cidade enterradas
Movimento películas e superfícies entre outras películas e superfícies quando saio à rua,
ou quando me encosto no parapeito desta janela que se despede da noite
Acordo e durmo entre membranas impalpáveis, com enzimas, autoregulações e imponderáveis combustões.
Metabolizo rostos e teorias em meio à confusão de lembranças despropositadas, entre secreções sebáceas, tubos, alvéolos e histórias acumuladas.
Por vezes sinto esse torvelinho dentro da barriga, e não sei se é fome ou lembrança de fome, ou se são movimentos espontâneos da voracidade do vazio.
Nem sei que tipo de limite representa a pele, se me separa da madrugada ou me une a ela
se o frio que sinto nesse vidro me pertence ou sou eu que pertenço ao frio ou ao vidro, ou se o ponto em que tudo se entrelaça surge apenas para desaparecer
Sei apenas que sou permeável a esta manhã que desaba seus vermelhos por prédios e morros, por muros e árvores.
(Caio Meira).
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